A grande motivação para a criação de uma revista no Departamento de Contabilidade e Atuária foi a percepção da necessidade de uma publicação acadêmica que permitisse a divulgação de trabalhos gerados no Brasil, pois, pelos contatos dos docentes locais, particularmente com a University of Illinois, constatou-se que publicavam basicamente nos mesmos periódicos, o que limitava muito a comunicação.
No ano de 1989, o Chefe do Departamento de Contabilidade e Atuária era o Prof. Sérgio Iudícibus, que incentivou e apoiou a criação do periódico Caderno de Estudos, depois rebatizado com o título de Revista Contabilidade & Finanças (RC&F).
Na ocasião, o Prof. Eliseu Martins indicou o modelo de um periódico francês bastante modesto, simples e barato. Ele tinha uma capa em um papel de gramatura um pouco maior do que o utilizado para os artigos, na qual constavam o título do periódico e um recorte retangular no centro, de modo a identificar os artigos na primeira página.
Na época, a escassez de recursos levou à adoção do mesmo modelo, pois barateava os custos. Assim, o primeiro número do Caderno de Estudos foi publicado pelo departamento em outubro de 1989, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), parceria esta que, ao longo do tempo, muito contribuiu para o desenvolvimento e a longevidade da revista.
Editores
A decisão da criação da revista ocorreu em uma ocasião em que os professores mais experientes do departamento se encontravam sobrecarregados com compromissos acadêmicos. A opção por alguém jovem com capacidade de administrar as atividades gerais da revista, com apoio do Conselho Editorial, definiu a escolha da Profa. Jacira Tudora Carastan, docente recém-admitida no departamento, em tempo integral, que havia sido aluna de praticamente todos os professores, o que propiciava facilidade de contato e desenvolvimento dos trabalhos. Ela era pesquisadora de métodos de ensino e foi considerada referência para cuidar de um periódico que trataria de docência e pesquisa.
Infelizmente, a Profa. Jacira faleceu muito jovem e de uma forma inesperada, sendo substituída pelo Prof. Lázaro Plácido Lisboa no período de 2001 a 2008.
Na ocasião, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mudou completamente a forma de avaliar os periódicos, com aumento da formalização e o sistema Qualis/CAPES guinou de um extremo qualitativo e subjetivo para outro muito formal, privilegiando a estruturação.
O grande desafio para se adaptar com rapidez para fazer as mudanças foi recompensado com a excelente avaliação no melhor nível dos periódicos nacionais da área de Administração, Contabilidade e Turismo da CAPES.
O aumento de periódicos de Contabilidade no Brasil impactou a concorrência na lógica da construção do conhecimento e definiu algumas mudanças na revista:
- Mudança de título para comportar novo direcionamento;
- Ampliação da participação dos autores externos ao departamento;
- Redefinição da periodicidade para quadrimestral;
- Forte transição para os trabalhos empíricos, nas mais variadas abordagens;
- Busca por autores estrangeiros, ao menos um por edição; e
- Conquista da indexação na Scientific Electronic Library Online (SciELO), o maior reconhecimento até o momento, gerando benefícios para a RC&F.
Em seguida, o Prof. Gilberto Martins, ligado à evolução da pesquisa no departamento, no direcionamento e viabilização da pesquisa empírica e o uso de correspondente metodologia, principalmente quantitativa, assumiu a gestão da RC&F de 2009 a agosto de 2011.
Destacam-se nesse período as seguintes ações:
- Publicação exclusivamente em meio eletrônico, tornando contemporânea a atuação do periódico;
- Início do processo de indexação na Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc);
- Iniciativa em captação de recursos fora do ambiente FIPECAFI.
A quarta gestão editorial, iniciada em setembro de 2011, a cargo do Prof. Fábio Frezatti, convive com novas e frequentes mudanças de cenário. Atualmente, mais de 35 periódicos no Brasil contêm o termo contabilidade no título ou atendem parte da demanda por publicação na área.
Com o desafio de enfrentar, além da concorrência interna no país, a do mainstream e a da necessidade de os autores publicarem internacionalmente, essa gestão se atém aos direcionamentos indicados abaixo, para o alcance de bons resultados:
- Ter forte estrutura de governança com regulamento formalizado, mandato para todo o corpo de colaboradores, corpo editorial e conselho editorial pluralista e atuante. Esse elemento contribui para a transparência, igualdade de oportunidades e, sem dúvida, traz impacto na qualidade do que se comunica;
- Exercitar pluralismo ontológico e epistemológico quanto ao que se pretende comunicar;
- Sistematizar a publicação em duas línguas (português e inglês ou espanhol e inglês) para todos os artigos aumentando a visibilidade dos autores nacionais;
- Pagar as traduções de todos os autores que tiverem trabalhos aceitos, com o objetivo de viabilizar o acesso ao conhecimento em ambientes externos ao país;
- Apoiar os autores, perseguindo os indexadores mais eficientes para proporcionar maior exposição e chance de serem citados;
- Introduzir o sistema de gestão ScholarOne, disponibilizado pela SciELO, a quem agradecemos pela possibilidade de implementação. Certamente, esse mecanismo trará maior agilidade ao processo editorial assim que implementado;
- Buscar fontes de financiamento que complementem o da FIPECAFI, junto à AGUIA (Universidade de São Paulo [USP]) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que possibilitam não apenas reconhecimento, mas flexibilidade para dispor de recursos necessários. Novamente, somos gratos por esse apoio fundamental ao desenvolvimento;
- Instigar a pesquisa nas várias áreas do conhecimento que se relacionem com o escopo da revista e defender a convivência do mainstream internacional com contribuições locais;
- Profissionalizar a estrutura de apoio, tanto interna como externa à RC&F; e
- Aumentar a comunicação com autores, leitores e revisores.
Primeira edição do Caderno de estudos
